Hildegard von Bingen
Hildegard von Bingen nasceu em 1098, na Alemanha, e morreu em 1179, aos 81 anos.
Hildegard de Bingen foi monja beneditina, mística, teóloga, compositora, pregadora, estudiosa da medicina natural e da cura, poetisa, dramaturga, escritora e mestra do Mosteiro de Rupertsberg, em Bingen, na Alemanha. É reconhecida como santa e doutora da Igreja Católica.
Ela foi eleita abadessa (superiora do mosteiro) por sua comunidade beneditina aos 38 anos e fundou dois mosteiros adicionais durante seu mandato de 45 anos.
Seu interesse pela composição musical surgiu pouco depois de se tornar beneditina. Ela teve aulas de notação de salmos com o monge Volmar, que se tornou seu amigo para toda a vida. Foi durante essas aulas que seu interesse pela composição musical emergiu.
Ela aprendeu a tocar o saltério, um instrumento de cordas dedilhadas, semelhante a uma harpa, usado para acompanhar salmos. A origem do saltério remonta a pelo menos 300 a.C. O saltério que Hildegard tocava tinha 10 cordas, e com ele ela começou a compor obras litúrgicas.
As peças litúrgicas de Hildegard foram reunidas em um ciclo chamado A Harmonia Sinfônica das Revelações Celestes (Symphonia Armoniae Celestium Revelationum).
Suas composições incluem antífonas, hinos e responsórios. A antífona é uma melodia breve, com texto de 10 a 25 palavras, executada em canto gregoriano antes e depois da recitação de um salmo. Já o responsório é uma forma de canto litúrgico em que um solista entoa versos respondidos por um coro ou pela congregação.
Hildegard escreveu três grandes volumes de teologia visionária, bem como outros dois volumes sobre medicina natural e cura. Foi uma das primeiras a criar um alfabeto alternativo, chamado Lingua Ignota (ignota = desconhecida), com o qual inventou novas palavras para sua poesia e suas composições musicais. Também é responsável por uma das maiores coleções de cartas da Idade Média – mais de 400 correspondências com papas, imperadores, abades, entre outros.
Santa Hildegard foi uma compositora prolífica, com 69 obras musicais atribuídas a ela, o que a torna uma das compositoras mais férteis da Idade Média. A maioria dessas peças é de natureza litúrgica – hinos ou textos do Ofício Divino. Seu trabalho mais significativo foi um protótipo de opereta chamado Ordo Virtutum (A Ordem das Virtudes).
Ordo Virtutum é um drama litúrgico medieval em que o protagonista encontra personificações de virtudes morais que o levam a escolher uma vida piedosa em vez do mal. Esse trabalho, composto em 1151, antecipou tendências que só emergiriam um século depois.
A peça narra a luta de uma alma humana entre as Virtudes e o Diabo. Era apresentada antes da missa para virgens consagradas no convento.
Essa peça foi encenada por comunidades religiosas femininas e escrita para vozes femininas. O papel do Diabo era desempenhado por um homem, mas sua participação se limitava a grunhidos ou gritos, pois Hildegard argumentava que o Diabo seria incapaz de produzir “harmonia divina”. Alguns estudiosos acreditam que esse papel foi interpretado por seu amigo monge, Volmar.
Uma versão reduzida de Ordo Virtutum aparece ao final de Scivias, o primeiro de seus trabalhos teológicos visionários.
O grupo de coral Sequentia gravou as obras completas de Hildegard em sete álbuns. Um deles, Voice of the Blood, é uma coleção de cantos dedicados à lenda de Santa Úrsula. Há músicas disponíveis tanto no YouTube quanto no Spotify e outras plataformas.
As composições de Hildegard ultrapassaram as fronteiras do canto gregoriano, estilo predominante de sua época. Suas melodias introduziram muitos melismas, um estilo que se tornaria popular um século depois.
Outra inovação musical de Hildegard foi o uso da estrutura monofônica, caracterizada por melodias ascendentes, algo novo e empolgante no período medieval.
Aqui está um panorama simplificado, pois o legado musical de Hildegard von Bingen é vasto.
Com Hildegard, é possível abordar um tema de grande relevância: a Sublimação
Algumas considerações:
•A sublimação implica uma elevação ou transposição.
•Freud buscou inspiração na literatura, na arte e na tragédia grega, especialmente na catarse aristotélica, para compreender a sublimação como um processo de transformação das paixões.
•Em contextos como a religião, a filosofia e a arte, a sublimação surge como uma forma de superar conflitos pulsionais e criar obras de grande alcance.
•A arte, a religião e a filosofia são consideradas os campos mais elevados da sublimação, pois transformam conflitos internos em produções significativas. A arte, em particular, destaca-se como o exemplo mais bem-sucedido, permitindo ao criador expressar fantasias de maneira que outros possam compartilhá-las.
A sublimação é essencial para a cultura, mas permanece marcada por tensão e incompletude. Trata-se de um meio de canalizar pulsões em realizações criativas e éticas, embora isso ocorra ao custo de uma satisfação sempre parcial. A criação artística é sua expressão mais sublime.
Edson Zaghetto